quinta-feira, 1 de abril de 2010

Os Estados Unidos já têm aproximadamente 200 oficiais de ligação no Brasil. São representantes do FBI, do DEA (agência de combate ao narcotráfico)

PF e Marinha estudam criar central de inteligência com participação de EUA e outros países

BRASÍLIA - A criação, no Rio de Janeiro, de uma força-tarefa internacional de combate ao narcotráfico, tráfico de armas, contrabando, evasão de divisas e imigração legal está sendo avaliada pela Polícia Federal e pela Marinha. A base de serviços de inteligência para investigar crimes de âmbito internacional deve acolher oficiais de ligação dos Estados Unidos e de outros países interessados, por iniciativa brasileira. A proposta tem como modelo a força-tarefa de Key West, nos Estados Unidos, e outra, nos mesmos moldes, em Lisboa.

( Chefe do Comando Sul do Pentágono diz que países precisam compartilhar informações )

A ideia da base conjunta com representante de outros países foi apresentada pelo diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, ao comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, brigadeiro Douglas Fraser, na terça-feira, em Brasília. Os Estados Unidos já têm aproximadamente 200 oficiais de ligação no Brasil. São representantes do FBI, do DEA (agência de combate ao narcotráfico) e de outras instituições policiais e de segurança americanas em atividade no país.

Segundo um dos auxiliares de Corrêa, o brigadeiro gostou da proposta. Fraser confirmou a conversa, mas não quis fazer comentários. Segundo um assessor da embaixada, a reserva é necessária, já que a iniciativa é de autoridades brasileiras, e não americanas.

Repressão a crimes transnacionais

O grupo começou os estudos no início do ano e ainda não há prazo para a conclusão do trabalho. A proposta precisa ainda ser aprovada pelo governo. Pelos planos iniciais da Polícia Federal, a base contará com representantes das Forças Armadas, da Força Nacional, da Receita Federal e do Sistema de Proteção da Amazônia, entre outras instituições encarregadas de atuar na proteção da fronteira. Para a PF, a proximidade física com agentes de outros países ampliará a cooperação entre os órgãos brasileiros e estrangeiros e, a partir daí, facilitará o combate a crimes transnacionais.

Hoje a Polícia Federal já mantém um agente em Key West e planeja mandar outro para Lisboa. Para a PF, a base deve funcionar no Rio porque é o estado de maior presença da Marinha.

A localização permitiria a atuação da força-tarefa nos portos brasileiros e até na repressão a navios piratas em águas brasileiras, caso criminosos que atuam hoje na costa africana tentassem se expandir em direção ao país.

A base, com fortes conexões internacionais, seria uma forma de o país se prevenir contra crimes desta natureza. Fraser também esteve, na terça-feira, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro falou sobre a reestruturação a partir do projeto de lei complementar 97, em tramitação no Congresso Nacional. O projeto prevê a ampliação dos poderes de polícia das Forças Armadas na áreas de fronteira, diante da reduzida presença de policiais nestas áreas. Os dois também fizeram um balanço da situação no Haiti. Fraser disse que é importante que Brasil e EUA continuem trabalhando juntos para apoiar a Minustah (força de paz da ONU), sob o comando brasileiro, na reconstrução do Haiti.

- A Minustah está fazendo um grande trabalho, mas, por causa da catástrofe, o esforço internacional teve que ser ampliado.

COLABOROU Fernanda Godoy

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